sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Dilma: 'Essa história não acaba assim'

'Não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles', ponderou Dilma, citando Darcy Ribeiro.

                Tatiana Carlotti // www.cartamaior.com.br

Em seu pronunciamento após a consumação do golpe no Senado Federal, nesta quarta-feira, 31 de agosto de 2016, a presidenta Dilma Rousseff fez um apelo a todos os progressistas do Brasil:

“Lutemos todos juntos contra o retrocesso, contra agendas conservadoras, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo reestabelecimento pleno da democracia. Espero que saibamos nos unir em defesa de causas comuns”.

“Essa história não acaba assim”, afirmou, ao destacar que “haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”. 

Aos brasileiros que “deixaram de ser invisíveis aos olhos da nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados”, presidenta Dilma pediu: “não desistam da luta”. 

Ela também passou seu recado às mulheres brasileiras: “abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero, nada poderá nos fazer recuar”. 

“Vocês podem”, afirmou, lembrando que as futuras gerações saberão que quando uma mulher assumiu a presidência pela primeira vez no Brasil, “o machismo e a misoginia mostraram suas feias faces”. 

“Não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles como já o foi em décadas passadas”, ponderou, citando Darcy Ribeiro.

Interesses do golpe

Sobre o impeachment sem crime de responsabilidade, ela avaliou: “isso foi apenas o começo”. Lembrou a todos que o golpe não está sendo cometido apenas contra ela, contra o PT ou os partidos aliados: 

“O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização progressista e democrática. O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra todos os que lutam por direitos em todas as suas acepções. O golpe é contra o povo e a nação. O golpe é misógino, homofóbico, racista, é a imposição da cultura da intolerância, do preconceito e da violência”.

As forças por trás do golpe? 

“O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático” que representa, está sendo interrompido “por uma poderosa força conservadora e reacionária. Com apoio de uma imprensa facciosa vão capturar a instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e de retrocesso social”.

Frisando que ao condenarem uma inocente, foi consumado “um golpe parlamentar” no país, ela apontou que com aprovação do seu afastamento, “políticos que buscam desesperadamente escapar dos braços da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas urnas nas últimas quatro eleições”.

Derrotados que “não acedem ao governo pelo voto direto”, apropriando-se “do poder por meio de um golpe de Estado. “É uma inequívoca eleição indireta em que 61 senadores substituem a vontade expressa de 54,5 milhões de votos. É uma fraude contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis”, afirmou.

Segura de que “outros e outras assumirão no futuro um papel que está baseado na eleição direta e na escolha direta dos governantes pelo povo”, afirmou: “nós voltaremos para continuar a nossa jornada por um Brasil onde o povo é soberano”.

Confira aqui a íntegra do pronunciamento.

Créditos da foto: Roberto Stuckert Filho/PR


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