segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O que Cristo poderia ter dito aos manifestantes de Copacabana, por J. Carlos de Assis

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Movimento Brasil Agora

O que Cristo poderia ter dito aos manifestantes de Copacabana

por J. Carlos de Assis

Se Cristo tivesse estado presente à manifestação de ontem em Copacabana certamente teria dito: “Pai, perdoai-os, porque não sabem o que fazem!” O evento foi realmente grande, mas o recado dado pela multidão foi pífio. Como não tinha mais que promover o impeachment de Dilma, ela teve de se contentar em denunciar o substitutivo da Câmara às dez medidas supostamente contra a corrupção apresentadas pelos ferozes promotores da Lava Jato na forma de projeto de iniciativa popular.

Tudo falso. Assinaturas para projetos de iniciativa popular são em geral compradas no meio de um povo que não sabe absolutamente nada do que está assinando, para o que os promotores de Curitiba contrataram uma agência de publicidade. Não são medidas contra a corrupção, mas medidas de proteção corporativa a promotores e juízes fascistas. Queriam cobertura total para suas denúncias, o que levou o senador Roberto Requião a dizer que pretendiam receber “indulgência plenária” por seus atos, algo que só pode ser dado pelo Papa.

Só um idiota pode acreditar que foram cidadãos conscientes que assinaram o projeto que os promotores da Lava Jato pretendiam empurrar goela abaixo da Câmara com arrogância jamais vista na história legislativa brasileira. E não é menos idiota o manifestante que passeou ontem pela praia de Copacabana atacando um projeto que certamente nunca leu, não conhece e sobre o qual nada sabe, exceto a opinião dos energúmenos jornalistas da Veja e do Sistema Globo que lutam desesperadamente para acabar de destruir as instituições do país.

Não vou explicar o projeto aprovado na Câmara, que não é perfeito mas desmonta com grande propriedade as investidas fascistas das chamadas dez medidas contra a corrupção propostas pela Lava Jato. Recorro apenas a um jornalista, Elio Gaspari, insuspeito de esquerdismo ou de simpatia por corruptos em sua coluna de domingo no Globo. Ele evoca uma metáfora interessante, segundo a qual um bebê no batismo é cercado por conhecidos suspeitos de corrupção. Teria o bebê alguma culpa por nascer nesse meio?

A metáfora é interessante porque nos remete a outro aspecto da manifestação em Copacabana. Outra vítima foi o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ele fez um discurso de estadista, de extrema coragem, em defesa da cidadania e da dignidade do Congresso, somando-se a outro orador, o ministro do STM Gilmar Mendes, na condenação dos excessos da Lava Jato. Discursos bem fundamentados, porém praticamente ignorados pela grande mídia. Seriam as suspeitas que recaem sobre Renan e Gilmar suficientes para assegurar que não tem razão quando defendem o habeas corpus e a presunção de inocência?

Entretanto, temos que ser pacientes na avaliação dessas manifestações orquestradas pela Globo e pela Veja. E não devemos fazer a política do olho por olho e dente por dente. Isso pertence ao espaço do Velho Testamento. O Novo perdoa e, diante da fúria das multidões, simplesmente convida o que não tem culpa a atirar a primeira pedra. Todos, de alguma forma, tivemos culpa pelo descalabro a que chegou a economia e a sociedade. Fomos condescendentes com a corrupção em todos os níveis da República. Por isso a Lava Jato era necessária e indispensável. Apenas não poderia ter cometido os excessos que cometeu contra pessoas e empresas na sua fúria persecutória, aviltando inclusive a soberania nacional com a entrega a um governo estrangeiro da delação da Lava Jato, a fim de repartir com esse governo, sem base legal, o dinheiro da multa da Odebrecht.

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