sexta-feira, 16 de junho de 2017

Ao menos 25 milhões de pessoas estão em risco de voltar à pobreza na América Latina, alerta ONU

(Foto: Hernán Piñera / Flickr CC) Pessoas em situação de rua em Buenos Aires, Argentina

Segundo relatório do Pnud, houve uma desaceleração nos últimos três anos do número de pessoas que conseguiram sair da situação de miséria e de pobreza

Do Opera Mundi

O Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulgou um relatório nesta quarta-feira (14/06) em que alerta que entre 25 milhões e 30 milhões de pessoas que moram na América Latina podem voltar a viver na miséria ou na pobreza se não houver uma mudança nas políticas públicas de cada país da região.

O documento intitulado “Progresso Multidimensional: o bem-estar para além da renda” foi lançado em evento que reuniu mais de 60 parlamentares da região no Parlatino (Parlamento Latino-Americano e Caribenho), no Panamá.

O texto afirma que a recessão econômica que atinge o continente não é a única responsável pela "recaída de milhões" à linha da pobreza, mas aponta para a ausência da implantação de "políticas públicas de nova geração" como a maior responsável pelo problema.

A preocupação da entidade é, especialmente, com um terço das pessoas que saíram da condição de pobreza na América Latina desde 2003.

"Muitos são jovens e mulheres com inserção no mercado de trabalho precário. Eles fazem parte de um grupo maior, de 220 milhões de pessoas (38%, quase dois em cada cinco latino-americanos) que estão vulneráveis: oficialmente não são pobres, mas tampouco conseguiram subir para a classe média", diz o relatório.

De acordo com o Pnud, é "fundamental" que as políticas de cada país "fortaleçam os quatro fatores que impedem o retrocesso: proteção social, sistemas de cuidado, ativos físicos e financeiros (como um carro, casa própria, conta no banco [..]) e qualificação laboral".

A entidade ainda afirma que é preciso "transcender" os cálculos tradicionais para verificar o desenvolvimento de determinado país e não apenas focar na medida de evolução do Produto Interno Bruto (PIB) ou o ritmo de crescimento econômico.

"O crescimento econômico, por si só, não basta. Nada que diminua os direitos das pessoas ou das comunidades ou que ameace a sustentabilidade ambiental pode ser considerado progresso", diz ainda o documento.

Jessica Faieta, diretora do PNUD para América Latina e Caribe, afirmou no evento que “claramente, ‘mais do mesmo’ em termos de crescimento – e de políticas públicas – não resultará em redução da pobreza e da desigualdade”.

“Maior crescimento econômico não gera necessariamente maior progresso social: políticas diferentes devem estar presentes particularmente quando recursos fiscais, cruciais para expandir redes de proteção social, se reduziram”, acrescentou.

O relatório não cita nenhum país específico, mas foca na visão geral da América Latina. Como base para o alerta, o Pnud usa o Relatório de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado no mês de março.

Segundo o relatório, houve uma desaceleração nos últimos três anos do número de pessoas que conseguiram sair da situação de miséria e de pobreza.

Entre 2003 e 2013, 72 milhões de pessoas saíram da pobreza e 94 milhões entraram para a faixa da classe média.

Isso aponta para que quase oito milhões de pessoas por ano, entre 2003 e 2008, e cinco milhões por ano, entre 2009 e 2014, saíram de condições extremas. No entanto, entre 2015 e 2016, "aumentou o número absoluto de pessoas pobres pela primeira vez na década".

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