quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Temer e seu bando chegaram ao limite do esbulho do povo

Wilson Dias/Ag�ncia Brasil


A situação econômica e política do país, para milhões de brasileiros, só tem uma solução aceitável: a derrubada do Presidente da República e o enquadramento ético do Legislativo e do Judiciário numa nova ordem jurídica e institucional.Isso significa que não haverá saída real da crise fora do contexto de uma Constituinte. Uma vez considerado isso, resta a pergunta fundamental: quem promove a virada, um líder ou um movimento?

A proposta de derrubada do Presidente tornou-se um tema recorrente nas rodas políticas de todos os níveis, com uma única ressalva: quem vem depois dele? Por enquanto, o único esteio de um presidente que tem 97% de rejeição é seu sucessor institucional, o presidente da Câmara Rodrigo Maia. Não porque Maia o apóia. Mas porque Maia é provavelmente muito pior que ele e tem potencial de confundir ainda mais o país em 2018.
Entretanto, se alguma força tirar a rolha da garrafa, o gênio sairá dentro dela e não há como segurá-lo. Ninguém vai esperar condições ideais para derrubar Temer se o próprio Temer insiste em criar condições para ser derrubado. Do ponto de vista moral, ele já está no chão. Exibiu-se como receptador de propinas pela tevê, para todo o país, sem qualquer constrangimento, sendo o comandante inequívoco de organizações criminosas.

O Presidente cercou-se de bandidos no Planalto e trânsfugas na Câmara, os quais, de receptadores de dinheiro, tornaram-se operadores de votos no Congresso. É inacreditável como as operações daqueles que se chamam de "base do Governo", realizadas com total transparência, puderam ser apresentadas como operações normais quando de fato eram e tem sido atos criminosos que não suscitam nem espanto nem revolta.

O fato é que o bando de Temer, não tendo escrúpulos morais e não tendo que prestar contas aos cidadãos, traçou uma estratégia extremamente eficaz para assaltar o poder e colocá-lo a serviço de seus interesses pessoais. Primeiro, juntando parlamentares insatisfeitos com Dilma a oportunistas e golpistas, criou a atmosfera favorável ao impeachment; depois, como apoio inestimável de Eduardo Cunha, conseguiu a maioria no Congresso para realizá-lo.

Mas isso ainda não foi o grande golpe. O golpe maior foi a consolidação da base de mais de dois terços no Congresso mediante compra descarada de apoios com a cessão de ministérios e cargos públicos, de destinação de emendas parlamentares para apaniguados, de obras favorecidas. Tudo exibido à sociedade, pela tevê, de forma "normal", como foi no caso da compra de votos para impedir o prosseguimento do processo contra Temer.

Chegamos a uma situação em que a sociedade não pode respirar. A liberdade e a democracia são meramente formais. A romaria normal dos grupos sociais ao Parlamento é absolutamente inútil: a maioria dos parlamentares tratam seus visitantes muito bem, com generosos cafezinhos, apenas para votar contra eles no momento certo. Em relação ao Executivo é simplesmente inútil qualquer demanda, pois só pêra por interesses.

Ah, e o Judiciário? Deveria ser nossa salvação, o ponto de equilíbrio entre os poderes e o guardião dos interesses do cidadão. Contudo, vemos diariamente um Judiciário seletivo e partidarizado, que abertamente se coloca a favor do abuso de autoridade. O mais dramático é que sequer podemos esperar pela solução eleitoral em 2018. Não porque as eleições não venham a ser realizados. Mas porque tendem a ser realizadas com regras viciadas para favorecer a reprodução deste mesmo Congresso que está aí, manietando o Presidente, qualquer que seja, que venha a ser eleito.

Jose Carlos de Assis

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