quarta-feira, 24 de maio de 2017

Pela continuidade do processo, às claras, da oligarquia



Quando tudo é possível, nada é previsível. Em 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados inaugurou a passeata em direção ao deboche político. Seguiram-na a decisão do Senado Federal extinguindo o mandato de Dilma Rousseff e a consequente apropriação da Presidência da República por Michel Temer e seu estado-maior: Romero Jucá, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha e Wellington Moreira Franco. Eduardo Cunha era presidente da Câmara dos Deputados e Antônio Anastasia foi o relator, no Senado, do parecer pelo impedimento. A subsequente fúria legislativa em perseguição a direitos clássicos da cidadania assalariada não encontra similar em nenhum dos países que, na ressaca da crise internacional iniciada em 2007/2008, transferiram a esses mesmos assalariados os custos da "grande mudança de riscos da nova insegurança econômica", como já prenunciava em livro de 2008, Jacob Hacker, professor da Universidade de Yale. A tropa de celerados dedicou-se à desorganização da estrutura social e econômica brasileira, como se estrangeira fosse.

Aragão: o Golpe e o pecado

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Eugênio José Guilherme de Aragão
https://www.conversaafiada.com.br/

Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!
(hino A Internacional)

A realidade histórica que nossa esquerda política parece não ter compreendido até hoje é a da luta de classes. Não se trata necessariamente de um confronto físico, como imaginam fascistas ignorantes, mas de um confronto de condições políticas, econômicas e ideológicas. Há um antagonismo inexorável entre aqueles que se apropriam da riqueza social e aqueles que a produzem e padecem sob a tutela violenta dos apropriadores, ou, formulado de forma mais simples, entre os parasitas do capital e os expropriados do produto de sua força de trabalho.

Intolerância zero


Um país de costas para seus trabalhadores, por Fernando Horta


Um país de costas para seus trabalhadores

por Fernando Horta

É surpreendente como a ideia de se ser um “trabalhador” foi desmontada nos últimos 20 anos. No discurso atual, o trabalhador é quase um pária social. Alguém que vive de “benesses” do Estado, que espera ardentemente se aposentar, para então ser o que desde o início, segundo esta narrativa, ele sempre foi: um vagabundo. No meio tempo, o trabalhador tem a petulância de se juntar nestas nefastas organizações chamadas “sindicatos”. Fazem greves, bloqueando o trânsito (veja só!) e têm a audácia de querer ver no poder um dos seus.

A dominância da política

Patrocinar o golpeachment sem base jurídico-legal que o embasasse abriu porteira do casuísmo generalizado a toda e qualquer mudança de ordem institucional

     Paulo Kliass *

A evolução da crise de natureza econômica, política, social, ética, jurídica e tudo- o-mais-que-se-quiser acrescentar à lista ganha contornos diferentes a cada novidade que surge no horizonte. A falta de institucionalidade capaz de canalizar as tensões crescentes e a extrema incapacidade de Temer em dar conta das tarefas mínimas de governabilidade são fatores que contribuem para que a instabilidade permanente confira ares de insegurança para qualquer lado que se pretenda olhar.

Na verdade, todo esse processo que mais se assemelha a um vale-tudo tupiniquim tem início pela forma com que as elites do financismo orientaram seus representantes na política, no ambiente da Justiça e nos meios de comunicação para apear Dilma do poder. Ao patrocinar o golpeachment sem nenhuma base jurídico-legal que o embasasse, abriu-se a porteira do casuísmo generalizado para toda e qualquer mudança de ordem institucional.

A securitização de direitos futuros do petróleo no coração da crise do Rio

petroleo-Rio

As operações internacionais feitas pelo governo do Rio para obter recursos resultaram, com a insolvência estrutural do fundo Rioprevidência, em ganhos significativos para as instituições financeiras estrangeiras privadas envolvidas

Conteúdo especial do projeto do Brasil Debate e SindipetroNF Diálogo Petroleiro

A difícil situação financeira enfrentada pelo Estado do Rio de Janeiro na conjuntura é resultado da confluência de eventos ruins. Durante o ano de 2014, os preços de petróleo internacional caíram à metade, o que impactou severamente receitas de royalties obtidas pelo Estado. A partir de 2015, somou-se queda acentuada nas transferências de impostos do Governo Federal, consistente com impacto da crise política sobre a atividade econômica em geral, particularmente sobre a Petrobras.

terça-feira, 23 de maio de 2017

O flautista de "Hamelin"


O flautista de "Hamelin"
Algumas palavras sobre o nosso tempo presente

Por Jean de Menezes

Diz a narrativa folclórica que uma cidade medieval chamada “Hamelin” estava infestada de ratos. Não havia um só lugar onde não estivessem… trazendo doenças e tormento à toda população. O ratos haviam tomado a cidade por completo. Não existia paz e tranquilidade… apenas terror e morte.

Um certo dia, surge na cidade, um flautista, com vestimentas diferentes daquele povoado, em tons de vermelho desbotado, e, ali, constatou que poderia mudar aquela realidade. Procurou as autoridades corruptas da cidade para oferecer os seus serviços. Conseguiu uma audiência com o prefeito e seus conselheiros... disse que poderia resolver aquela situação. Assim, acordaram, o flautista e os políticos da cidade, uma quantia de valores para que o músico colocasse os ratos sob seu encantamento e acabasse de vez com aquele problema.

Seletividade e oportunismo: para os amigos tudo, para os inimigos a lei

Seletividade e oportunismo: para os amigos tudo, para os inimigos a lei
       Foto: Reprodução Agência Brasil


Algumas máximas já se popularizaram no vocabulário do mundo da política, tais como: “os fins justificam os meios” e “para os amigos tudo, para os inimigos a lei”. Não importa o espectro político, as duas máximas são de utilização corrente entre os ditos homens públicos brasileiros.

Não entendo que deva ser assim, pois se começarmos a entender esse tipo de atitude como natural e “do jogo”, não vejo alternativa que não seja estarmos naturalizando a barbárie e o vale tudo, para se alcançar e se manter no poder.