(HD) - As revelações feitas pelo ex-analista de informações
da NSA, Edward Snowden, sobre o monitoramento pelas agências de espionagem
norte-americanas, de empresas e governos estrangeiros, e a quebra da
privacidade e do sigilo na internet de milhões de cidadãos de todo o mundo, não
teve repercussão apenas nos meios políticos e estratégicos.
Empresários que trabalham com grandes grupos e empresas na
internet têm manifestado sua insatisfação com o comportamento dos Estados
Unidos e as consequências, para os seus negócios, da crescente desconfiança dos
consumidores com tudo o que cerca o universo da Tecnologia da Informação.
Na semana passada, na Inglaterra, Mark Zuckenberg tocou no
assunto no programa semanal da emissora inglesa de televisão BBC - “The Week”. “O governo – norte-americano –
estragou tudo com esse problema da espionagem” – afirmou o fundador e principal
executivo do Facebook.
No dia 12 de novembro, executivos da Microsoft, do Google e
do próprio Facebook, em audiência no Parlamento Europeu, negaram a existência
de “portas traseiras” em seus sistemas, e o acesso automático, por parte de
agências norte-americanas de espionagem, a seus bancos de dados, no contexto do
programa PRISM (prisma) de espionagem.
Em muitos países, os governos estão recomendando que seus
cidadãos encerrem suas contas em empresas norte-americanas de internet.
Em junho, por exemplo, a Ministra Iris Varela, ligada à área
de segurança da Venezuela, já havia pedido que os internautas daquele país
parassem de usar o Facebook.
No mês seguinte, 63 empresas norte-americanas pediram, em
carta dirigida ao governo, maior transparência nos pedidos judiciais de
informação feitos pela NSA, com a divulgação do número de pedidos e do tipo de
informação requerida.
Assinaram a carta, entre outras, o Facebook, a Microsoft, a
Apple, Dropbox, Yahoo, Mozilla, Linkedin, Meetup, Reddit, Tumbr e a Cisco.
O principal executivo da Cisco, John Chambers, afirmou, no
dia 17 de novembro, que a demanda pelos produtos e serviços da companhia
diminuiu depois das denúncias, principalmente em mercados emergentes, como a
China, o México e a Índia, onde caiu 18%. A perspectiva de problemas
relacionados ao escândalo de espionagem fez com que as ações da Cisco caíssem
também em 10%.
Tudo isso explica porque a Information Technology &
Innovation Foundation – Fundação para a Informação Tecnológica e a Inovação,
financiada, está prevendo, em recente
relatório, que a espionagem do governo norte-americano no exterior poderá
custar às empresas norte-americanas da área de internet a bagatela de 35
bilhões de dólares nos próximos dois anos, em novos negócios, devido a dúvidas
sobre a segurança de informação de seus sistemas.
Cultivar a arrogância e flertar com a onipotência tem um
preço, que o governo norte-americano, mais cedo ou mais tarde - direta ou
indiretamente - terá que pagar.
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