sexta-feira, 2 de setembro de 2016

OS TRÊS EMISSÁRIOS DO IMPÉRIO

               
 SOB AS ORDENS DE WALL STREET
ou
CONTRA OS INTERESSES DO BRASIL


Golpe 'made in USA': Queda de Dilma foi ordenada por Wall Street?  
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Henrique Meirelles, ministro da Fazenda do governo provisório Temer
Em artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado neste 1º de setembro, um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel Chossudovsky explica por que a queda de Dilma foi ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”.

“O controle sobre a política monetária e a reforma macroeconômica eram os objetivos últimos do golpe de Estado. As nomeações principais do ponto de vista de Wall Street são o Banco Central, que domina a política monetária e as operações de câmbio, o Ministério da Fazenda e o Banco do Brasil”, diz o artigo, ressaltando que, desde o governo FHC, passando por Lula e Temer, Wall Street tem exercido controle sobre os nomes apontados para liderar essas três instâncias estratégicas para a economia brasileira.
“Em nome de Wall Street e do ‘consenso de Washington’, o ‘governo’ interino pós-golpe de Michel Temer nomeou um ex-CEO de Wall Street (com cidadania dos EUA) para dirigir o Ministério da Fazenda”, diz o artigo, referindo-se a Henrique Meirelles, nomeado em 12 de maio. Como observa o artigo, Meirelles, que tem dupla cidadania Brasil-EUA, serviu como presidente do FleetBoston Financial (fusão do BankBoston Corp. com o Fleet Financial Group) entre 1999 e 2002 e foi presidente do Banco Central sob o governo Lula, entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011. Antes disso, o atual ministro da Fazenda, que volta ao poder sob o governo Temer após ter sido dispensado por Dilma em 2010, também atuou por 12 anos como presidente do BankBoston nos EUA. Já o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nomeado por Temer em 16 de maio, tem dupla cidadania Brasil-Israel e foi economista-chefe do Itaú, maior banco privado do Brasil. Segundo o artigo, Goldfajn “tem laços estreitos tanto com o FMI [Fundo Monetário Internacional] quanto com o Banco Mundial”. 

“Goldfajn já havia trabalhado no Banco Central sob Armínio Fraga, bem como sob Henrique Meirelles. Ele tem estreitos laços pessoais com o prof. Stanley Fischer, atualmente vice-presidente do Federal Reserve dos EUA [além de ex-vice-diretor do FMI e ex-presidente do Banco Central de Israel]. Desnecessário dizer que a nomeação de Golfajn ao Banco Central foi aprovada pelo FMI, pelo Tesouro dos EUA, por Wall Street e pelo Federal Reserve dos EUA”, afirma o artigo. 

Fraga, por sua vez, atuou como presidente do Banco Central entre 4 de março de 1999 e 1º de janeiro de 2003. Ele foi diretor de fundos de cobertura (hedge funds) por seis anos na Soros Fund Management (associada ao magnata George Soros), e também tem dupla cidadania Brasil-EUA.

“O sistema monetário do Brasil sob o real é fortemente dolarizado. Operações da dívida interna são conducentes a uma dívida externa crescente. Wall Street tem o objetivo de manter o Brasil em uma camisa de força monetária”, explica o professor canadense. 

Por isso, afirma o artigo, quando Dilma Rousseff aponta um nome não aprovado por Wall Street para a presidência do Banco Central, a saber, Alexandre Antônio Tombini, cidadão brasileiro e funcionário de carreira no Ministério da Fazenda, é compreensível que os interesses financeiros externos se articulem aos interesses das elites brasileiras para mudar o quadro político no país. 

Contexto histórico 

No início de 1999, na sequência imediata do ataque especulativo contra o real, diz Chossudovsky, o presidente do Banco Central, Francisco Lopez (que havia sido nomeado em 13 de janeiro de 1999, a Quarta-feira Negra) foi demitido pouco depois e substituído por Armínio Fraga, cidadão americano e funcionário da Quantum Fund de George Soros em Nova York.

"A raposa tinha sido nomeada para tomar conta do galinheiro", resume o artigo, afirmando que, com Fraga, os especuladores de Wall Street tomaram o controle da política monetária do Brasil.

Sob Lula, o apontamento de Meirelles para a presidência do Banco Central do Brasil dá seguimento à situação, diz o artigo, destacando que o nomeado já havia atuado anteriormente como presidente e CEO dentro de uma das maiores instituições financeiras de Wall Street. “A FleetBoston era o segundo maior credor do Brasil, após o Citigroup. Para dizer o mínimo, ele [Meirelles] estava em conflito de interesses. Sua nomeação foi acordada antes da ascensão de Lula à presidência”, escreve o autor. 

Além disso, Meirelles foi um firme defensor do controverso Plano Cavallo da Argentina na década de 1990: “um ‘plano de estabilização’ de Wall Street que causou grandes estragos econômicos e sociais”, segundo o professor Chossudovsky. 

 De acordo com ele, “a estrutura essencial do Plano Cavallo da Argentina foi replicada no Brasil sob o Plano Real, ou seja, a imposição de uma moeda nacional conversível dolarizada. O que este regime implica é que a dívida interna é transformada em uma dívida externa denominada em dólar”. 

Quando Dilma sobe à presidência em 2011, Meirelles é retirado da presidência do Banco Central. Como ministro da Fazenda de Temer, ele defende a chamada “independência do Banco Central”. 

“A aplicação deste conceito falso implica que o governo não deve intervir nas decisões do Banco Central. Mas não há restrições para as ‘Raposas de Wall Street’”, diz o artigo, acrescentando que “a questão da soberania na política monetária é crucial” e que “o objetivo do golpe de Estado foi negar a soberania do Brasil na formulação de sua política macroeconômica”.

De fato, sob o governo Dilma, a "tradição" de nomear uma “raposa de Wall Street" para o Banco Central foi abandonada com a nomeação de Tombini, que permaneceu no cargo de 2011 até maio de 2016, quando Temer assume a presidência interina do país. 

 A partir daí, Meirelles, no Ministério da Fazenda do governo interino, “aponta seus próprios comparsas para chefiar o Banco Central [Goldfajn] e o Banco do Brasil [Paulo Caffarelli]”, diz o artigo do Global Research, sublinhando que o novo ministro havia sido descrito pela mídia dos EUA como "market friendly" (“amigo do mercado”). 

Conclusão

“O que está em jogo através de vários mecanismos – incluindo operações de inteligência, manipulação financeira e meios de propaganda – é a desestabilização pura e simples da estrutura estatal do Brasil e da economia nacional, para não mencionar o empobrecimento em massa do povo brasileiro”, afirma Chossudovsky. 

Segundo a tese do renomado professor, “Lula era ‘aceitável’ porque seguiu as instruções de Wall Street e do FMI”, mas Dilma, com um governo mais guiado por um nacionalismo reformista soberano, não pôde ser “aceita” pelos interesses financeiros dos EUA, apesar da agenda política neoliberal que prevaleceu sob seu governo. 

 “Se Dilma tivesse decidido manter Henrique de Campos Meirelles, o golpe de Estado muito provavelmente não ter ocorrido”, afirma o analista.

“Um ex-CEO/presidente de uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos (e um cidadão dos EUA) controla instituições financeiras-chave do Brasil e define a agenda macroeconômica e monetária para um país de mais de 200 milhões de pessoas. Chama-se um golpe de Estado… dado por Wall Street”, conclui Chossudovsky.

Michel Chossudovsky, escritor premiado, é professor (emérito) de Economia da Universidade de Ottawa, fundador e diretor do Centro de Pesquisa sobre a Globalização (CRG) e editor da organização independente de pesquisa e mídia Global Research. Ele lecionou como professor visitante na Europa Ocidental, no Sudeste Asiático e na América Latina, serviu como conselheiro econômico para governos de países em desenvolvimento e tem atuado como consultor para várias organizações internacionais. Ele é o autor de onze livros, publicados em mais de vinte línguas. Em 2014, foi premiado com a Medalha de Ouro de Mérito da República da Sérvia por seus escritos sobre a guerra de agressão da OTAN contra a Iugoslávia.


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"Plano A é controle de despesas, B é privatização, e C, aumento de imposto", diz Henrique Meirelles 

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Meirelles defende privatizações


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